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cycle commemorating the 220 years of the US Bill of Rights: What is America Today?

What is America Today?
“O que é a América Hoje?” (“What is America Today?”), a cycle commemorating the 220 years of the US Bill of Rights at Casa da Música, Porto, with the 1st session on Thursday September 29, 2011 with guest panel members Rodrigo Costa, ZoN CeO, and CMU Profs. Manuela Veloso and Jose’ M F Moura:

No dia 15 de Dezembro de 2011 terão passado 220 anos sobre a ratificação do Bill of Rights americano. A carta traça um primeiro mapa de uma certa ideia de América e do que ser americano significa.
A ideia estrutural do ciclo O que é a América hoje?, promovido pela FLAD e pela Casa da Música, é interrogar a que é que corresponde no mundo contemporâneo um país que, para muitos, é um mito, um modelo, o futuro. O que resta ainda desse DNA original? Como é que a herança política das últimas décadas alterou a percepção que o mundo tem dos Estados Unidos da América?
Este questionamento é feito, em cada sessão, por portugueses e americanos. Dois elementos por sessão, com a mediação de um terceiro elemento (um jornalista/opinion maker). O tema-título de cada sessão funciona como ponto de partida para a discussão, mas pretende-se que esta possa tocar alguns conceitos essenciais do imaginário americano. Liberdade, Tolerância, Oportunidade, Conhecimento, Vanguarda (tecnológica, científica, etc), Solidariedade, Crença, Empreendedorismo, Imperialismo, Confiança, Diferença/Diversidade, Estado Social/Iniciativa Privada, América Criadora de Mitos são alguns desses tópicos.
A abordagem em cada uma das sessões será bastante livre e os intervenientes podem debruçar-se mais sobre uns aspectos do que outros, de acordo com a sua proveniência profissional e afinidades intelectuais.
A escolha dos portugueses obedece a um critério simples: todos viveram nos Estados Unidos em algum momento das suas vidas ou têm/tem o seu trabalho uma relação preferencial com a cultura americana.
As sessões acontecerão com uma cadência semanal, nos dias 29 Setembro, 6, 13, 20, 27 Outubro, 3, 10, 17, 24 Novembro; faz-se uma paragem nos dias 1 e 8 de Dezembro, por ser feriado, e fecha-se o ciclo no dia 15 de Dezembro, data em que o último estado ratificou o Bill of Rights.
O ciclo de conferências terá lugar na sala 2 da Casa da Música (cerca de 280 lugares sentados). A última sessão, que será em inglês, tem tradução simultânea. Duração: duas horas. Haverá intervenções do público.
Eis o calendário das sessões e uma nota biográfica de cada participante.

29 Setembro
José Fonseca de Moura e Manuela Veloso/ Rodrigo Costa
“Existimos, logo, usamos o computador? Redes sociais, inteligência artificial e outras formas de interactuarmos”

6 Outubro
Julião Sarmento/ nome a confirmar
“Como é que um artista trabalha e se afirma nos EUA e em Portugal?”

13 Outubro
Clara Ferreira Alves/ Michael Biberstein
“A construção de uma identidade: a América dos livros e da arte, com política e religião em pano de fundo”

20 Outubro
Campos e Cunha/ nome a confirmar
“Onde fica a Europa (e Portugal) entre os EUA e a China? Crise global, sistema financeiro, it’s the economy, stupid!”

27 Outubro
Alexandre Quintanilha/ John R. Dreyer
“A Constituição da América em risco? Como é que a América actual interpreta e desvirtua o Bill of Rights?”

3 Novembro
Joana Vicente/ Richard Zimler
“Globalização do gosto: o que é exportado pelos EUA é forçosamente consumido em Portugal?”

11 Novembro
Miguel Vale de Almeida/ Richard Zenith
“Somos tão tolerantes com a diferença quanto dizemos ser?”

17 Novembro
António Câmara / Nick Racich
“Empreendedorismo, cidades criativas: o que faz que isto seja possível nos EUA?”

24 Novembro
André Gonçalves Pereira/ Pacheco Pereira
“O fim do império americano?”

15 Dezembro
Allan Katz/ Jorge Sampaio
“O que é a América hoje?”

“I never had a farm in Africa, mas nasci e cresci em Moçambique, numa liberdade despreocupada e inconsciente”, diz José Fonseca de Moura , licenciado em Engenharia pelo Técnico, onde foi professor catedrático, doutor em Ciências pelo MIT, professor na Carnegie Mellon University.
Os pontos seguintes do mapa: Lisboa, numa sociedade em crise com as suas guerras coloniais e os seus mitos; depois Cambridge, Massachusetts, onde aterra numa das mais reconhecidas catedrais do conhecimento, o MIT – “tudo podia aprender e tudo devia ser abertamente discutido”. Regressa a Portugal em 1975, em pleno Verão quente, ajuda à mudança do Instituto Superior Técnico. Em 1984, recomeça, como outsider, num ambiente altamente competitivo, em Pittsburgh. Nos últimos cinco anos envolveu-se num processo (que diz ser fascinante) em que Carnegie Mellon, nove universidades portuguesas e cerca de oitenta empresas emparceiram à procura da “Research University” em Portugal.
É fellow do IEEE, da American Association for the Advancement of Science (AAAS), e sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.
A paixão pelo que faz “vem da satisfação sentida quando encontro solução para aquele problema de investigação que é aparentemente intratável; e isto sucede quando sei traduzir na pergunta certa a busca da solução”.

Manuela Veloso é professora de Computer Science na Universidade Carnegie Mellon, onde se doutorou. Fez a licenciatura e o mestrado no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, em Engenharia Electrotécnica. Vive nos EUA desde 1984; primeiro em Boston, e desde 1986 em Pittsburgh.
Fundou e dirige o laboratório de pesquisa CORAL (Collaborate, Observe, Reason, Act and Learn, www.cs.cmu.edu/~coral). Com os alunos, e desde 1997, participa com sucesso num campeonato do mundo de robots que jogam futebol, o RoboCup. O trabalho de Manuela Veloso é uma referência na área da inteligência artificial. É autora de centenas de artigos científicos, e coordenadora de vários livros sobre as matérias que investiga e ensina.
É casada com José Fonseca de Moura, que participa, também, na sessão inaugural do ciclo, com Rodrigo Costa. Quando se mudaram para os EUA, com o filho, era por um ano. Passaram 27.

Quando Rodrigo Costa se despediu da Microsoft, os colegas prepararam-lhe um álbum de fotografias, assinalando os momentos da sua vida na empresa. Há capítulos subordinados a temas como Vision, Ambition, Dream, Power. Palavras essenciais no seu vocabulário.
Tudo começou quando no final dos anos 70 se dedicou à programação de computadores. Disse numa entrevista: “Programar um computador, há 30 anos como hoje, trata-se de passar uma ideia concreta que se tem na cabeça para imagens, números, cálculos, análise, estatística. Saber explicar, saber programar é um desafio intelectual fabuloso.” A sua experiência americana fê-lo privar com Bill Gates. Olha-o, não como o homem mais rico do mundo, mas como um homem que rompe paradigmas.
Deixou Seattle, depois de S. Paulo, para regressar a Portugal. É o CEO da ZON.

Julião Sarmento já era o mais internacional dos artistas plásticos portugueses quando o ano passado ocupou uma sala na Tate Modern. Foi o primeiro artista português a fazê-lo. (Nas salas contíguas estavam Picasso, Beuys, Bacon.) Antes disso, em 1999, a sua exposição no Museu Hirshorn, em Washington, foi das mais vistas no mundo; numa lista de cem, aparecia em décimo segundo lugar.
É um voyeur que desde os anos 70 utiliza suportes que então eram considerados pouco convencionais. Fotografia, vídeo, instalação. Uma das suas famosas pinturas brancas foi usada como capa no último livro de António Damásio. “Todo o meu trabalho funciona em esquemas de circularidade, em relação a si próprio, diariamente e temporalmente”. As obsessões, que estão lá desde sempre, são a arte, o cinema, a literatura, o sexo. Mas é normal que fale mais de cinema e de literatura do que de arte.
Vive e trabalha no Estoril.

Clara Ferreira Alves é licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra, tendo trocado a advocacia pelo jornalismo e a escrita. Foi editora e redactora principal do jornal Expresso, onde assina uma coluna e continua a colaborar com regularidade.
Colabora e colaborou em diversas publicações, tendo-se dedicado durante anos ao exercício da crítica literária e feito jornalismo de guerra.
Foi Directora da Casa Fernando Pessoa e da revista literária Tabacaria.
Em televisão, é autora de programas culturais e co-autora dos programas O Caminho faz-se Caminhando, com Mário Soares, e do programa de comentário político Eixo do Mal.
É autora de dois documentários sobre dois escritores portugueses, José Saramago e José Cardoso Pires. É membro do júri do Prémio Pessoa, o mais importante prémio português de Artes, Ciências e Humanidades.
Publicou uma colecção de crónicas, Pluma Caprichosa, e as ficções Passageiro Assediado e Mala de Senhora. Prepara a saída do seu primeiro romance, centrado no Médio Oriente e nos conflitos da região.

Michael Biberstein define-se como um pintor de paisagens. Para resumir a história da sua vida é preciso saber que é filho de mãe americana e pai suíço. Começou por viver na Suíça, acabou o liceu em Connecticut, fez a universidade em Filadélfia. Chegou a Portugal em 1979 para fazer duas exposições. Meses antes, conhecera Julião Sarmento, de quem se tornou amigo, e é na casa deste que encontra a futura mulher, a escritora Ana Nobre de Gusmão. Vivem entre Lisboa e o Alandroal.
Algumas questões que lhe interessam: Porque é que é diferente olhar para uma paisagem verdadeira?, qual é a diferença?, porque é que temos tanto esforço, tanto trabalho, para ter esta ideia de arte? Esta ideia de arte que aparentemente não serve para nada! Mas não é assim, claro. Serve para coisas importantes. Limpar, limpar a cabeça. Arte, música, literatura, têm que ver com isso.”

Luís Campos e Cunha apresenta-se como professor de economia. É catedrático da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. Foi vice-governador do Banco de Portugal e ministro de Estado e das Finanças por quatro meses do primeiro governo liderado por José Sócrates.
Se vivesse noutra cidade, seria em NY. Concluiu o doutoramento na Columbia University em 1985. “A primeira vez que fui aos Estados Unidos foi para doutorar-me. Foi um choque brutal. NY tem tudo no seu mais alto grau e pode ser-se qualquer coisa. Desde um pedinte no metro até um banqueiro. Aproveitei tudo ou quase. Estudei com vários prémios Nobel, mantive uma boa relação com os meus professores. E mantenho: de cada vez que vou a NY, estou com eles, janto com eles. Trocamos cartões no Natal, telefonamo-nos de vez em quando.”
É um macroeconomista que gosta de artes plásticas. Nos EUA, aproveitou e estudou pintura e história de arte. “Fui seleccionado para os jovens artistas de Columbia University. Tive a minha exposição.” Eram quadros abstractos. Uma referência: Basquiat.

Alexandre Quintanilha nasceu em Moçambique. Foi um aluno banal até ao penúltimo ano do liceu. Fez um primeiro doutoramento em Física, na África do Sul, e dedicou-se ao stress fisiológico nos Estados Unidos. Durante 20 anos foi director do Centro de Estudos Ambientais na Universidade de Berkeley. O que o fez vir para Portugal? “Cheguei em 1970 e toda a área era uma espécie de paraíso na Terra. Quarenta raças diferente
s misturadas, restaurantes maravilhosos de todos os sítios do mundo, jovens espertíssimos, todas as áreas do conhecimento. Nos anos 80, chegou a Sida e a cor da cidade mudou. Na área da baía [de São Francisco] não havia ninguém que não conhecesse alguém que estava doente. Em 1989, dois colaboradores meus, de 27, 28 anos, entraram no meu gabinete, em dias consecutivos, a dizer-me que tinham Sida. Andei dois dias aparvalhado, desorientado. Senti que estava num ambiente do qual tinha que sair.”Criou e dirigiu o Instituto de Biologia Molecular e Celular do Porto, é professor catedrático do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, preside à Comissão de Ética para a Investigação Clínica.

John R. Dreyer fala português porque, entre outras razões, viveu e ensinou no Brasil (1972) e em Moçambique (1989). Começou por estudar Educação e Linguagem. O conflito religioso/étnico/político é um dos eixos principais do seu trabalho. Por causa dele, leccionou, no total, em oito países. Vive actualmente em Boston.
É professor, especializado em comunicações trans-culturais. Trabalha com adolescentes imigrantes.
Globalização, liberdade de expressão e tolerância, religião e laicidade, o comportamento histórico e actual dos Estados Unidos no mundo, ou questões como o direito de posse de armas de fogo, garantido de alguma forma no Bill of Rights, são áreas do seu interesse. Eventualmente trabalha como intérprete no Ministério das Relações Exteriores norte-americano em projectos destas áreas.
Dreyer gosta de sublinhar que não é cientista político nem advogado e que não fala sobre estas matérias sob um ponto de vista institucional ou estatal.

Joana Vicente é produtora de cinema. Vive com o marido e os filhos em NY. Quando se acede à bíblia-site IMDB, fica-se com uma ideia do seu percurso exemplar. Com a primeira longa-metragem, Welcome to the Dollhouse, ganhou o Festival de Cinema Independente de Sundance. Com Tree Seasons, filmado no Vietname, ganhou novo prémio em Sundance e teve sucesso de público. Foi nomeada para os Óscares com o documentário Enron: The Smartest Guys in the Room. Dá-se com realizadores como Jim Jarmusch, Steven Soderbergh, Hal Hartley, Brian de Palma. Produziu, com Graydon Carter, o director da Vanity Fair, um documentário sobre Hunter S. Thompson. “Na América nós somos quem somos. É tudo por mérito. Claro que é importante conhecer pessoas, ter boas connections, mas o mais importante é quem somos, o trabalho que fazemos e o sermos respeitados por isso.”
É directora do Independent Feature Project, a maior e mais antiga organização de cinema independente americano, sediada em NY. Licenciou-se em Filosofia na Universidade Católica de Lisboa.

Richard Zimler mudou-se para Portugal em 1990. “Não me sinto totalmente integrado nem nunca vou sentir, da mesma maneira que não me sentia nos Estados Unidos”. Trouxe os livros, os quadros, as fotografias, números de telefone, roupa. Ficou chocado com o anti-americanismo que encontrou no Porto – em alunos, professores… Foi na Foz, onde vive, que escreveu O Último Cabalista de Lisboa. Durante dois anos esperou respostas de editores. Vinte e quatro deles recusaram o romance. Esteve quase a desistir. O livro acabou por se revelar um sucesso planetário. Já foi publicado em 22 línguas. Tem cerca de dez livros editados.
Começou por estudar Religiões Comparadas. Considera que “o grande problema da religião é o fundamentalismo. O que se devia ensinar às crianças é que todos, mas todos os livros sagrados do mundo são poesia. O erro dos fundamentalistas é a interpretação literal, como se de prosa se tratasse, para textos bíblicos alicerçados numa linguagem simbólica”. É judeu laico, basquetebolista, fã dos Beatles, Patsy Cline, Leonard Cohen. Nasceu em Nova Iorque em 1956, naturalizou-se português em 2002. Foi jornalista, é professor na Universidade do Porto.

Miguel Vale de Almeida é antropólogo e activista LGBT. Nasceu em 1960. É professor no ISCTE, onde se doutorou. Género e sexualidade, pós-colonialismo e crioulidade, são algumas das suas linhas de pesquisa.
Há cerca de dez anos disse numa entrevista: “Dizer que se é homossexual não é uma revelação da intimidade. É uma revelação identitária que tem muito de político. A intimidade é outra coisa”. Passou pelo Parlamento como deputado independente do PS. Foi grandemente responsável pela proposta de lei que resultou na aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal.
Editou em 1995 o livro Senhores de Si, pelo qual continua a ser conhecido na Antropologia. Publicou outros livros, resultado da investigação académica, e de ficção. Escreve na blogosfera e no facebook. Desenha. Esteve na fundação do Bloco de Esquerda. Intervém regularmente na esfera pública.
Em 1977-78 fez o 12º ano em Baltimore e em 1984-86 fez o mestrado em Antropologia na State University of New York, Binghamton. Os EUA, junto com o Brasil, são a sua segunda pátria.

Talvez a pátria de Richard Zenith seja a língua de Fernando Pessoa… Este americano, nascido em Washington DC, é o “nosso” tradutor de Pessoa para língua inglesa. O seu trabalho na famosa arca e na área da edição é minucioso, infatigável, tem anos. Actualmente escreve uma biografia do poeta.
Zenith estudou Letras na Universidade de Virginia. Viveu na Colômbia, no Brasil e em França. Radicou-se em Lisboa em 1987. Trabalha como escritor, tradutor, investigador e crítico.
Quando aceitou participar na sessão, disse que gostaria de abordar a questão de tolerância, sobretudo em relação ao racismo. “Tenho experiência na matéria”, no estado onde estudou, Virginia, e também no Brasil, onde viveu três anos. “Pude observar que a suposta ausência de racismo é um mito. Como o é em Portugal, para alguns”.

Nos anos 80, nos EUA, a vida de António Câmara era assim: “Escrevia para várias universidades onde tinha amigos, ficava em casa deles. Não tinha dinheiro nenhum e andava de autocarro. Oferecia-me, ninguém me convidava para nada. Chegava lá, dava o seminário e tinha a agressividade dos estudantes sobre o que eu fazia. “Isso já foi feito há dez anos! Para que é que isso serve?”. E isso fazia o trabalho muito melhor, dava o feedback que nos permite ir longe. Essa lógica de ir para arena vem muito da experiência do ténis. No ténis, uma pessoa aprende a perder e percebe que é quando perde que fica melhor.”^Foi jogador profissional de ténis. Estudou engenharia civil no Técnico, partiu para os Estados Unidos no final dos anos 70, doutorou-se na Virginia Tech. Depois passou pelo MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachussets. Quando no fim dos anos 90 voltou em definitivo a Portugal, instalou-se num terreno que era um lamaçal no Monte da Caparica. Foi aí que fundou a Ydreams, em 2000.Foi Prémio Pessoa em 2006.

Nick Racich nasceu em Filadélfia. Estudou Letras (é Mestre) na Universidade da Pennsylvania, frequentou o Doutoramento em línguas românicas. Preparava uma especialização em Dom Quixote de Cervantes quando fez uma inflexão no curso da sua vida. Começou por fazer uma pós-graduação na prestigiada Wharton School of Business, após o que iniciou a carreira bancária. Estava-se em 1980, em Nova Iorque. Veio para Portugal em 1984 desafiado por Carlos Rodrigues. Assumiu vários cargos de topo em diversas instituições bancárias. Com Rodrigues, é sócio-fundador e vice-presidente do banco BIG.
Nick Racich aponta como temas preferenciais de conversa, no contexto deste ciclo, o empreendedorismo, a oportunidade. É um observador atento da realidade portuguesa. O seu passado ligado às Letras e a sua relação íntima com a filologia fazem-no notar que o português é uma das poucas línguas em que existe o futuro do conjuntivo. Denota um modo de ser de um povo?

A sua vida foi marcada pela “pretensão de independência e pelo internacionalismo – que cimenta a independência”, disse. André Gonçalves Pereira nasceu em Lisboa em 1936. Doutorou-se com 25 anos (foi o mais novo da segunda metade do século XX). Foi professor catedrático especialmente cedo (aos 32 anos, o mais novo de sempre da Faculdade de Direito).
Foi também com 32 anos que recusou ser Ministro dos Negócios Estrangeiros de Marcelo Caetano. Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros do amigo Pinto Balsemão dez anos mais tarde.
Obra de referência, o seu Manual de Direito Internacional Público é estudado por gerações inteiras de alunos desde há décadas. Leccionou em universidades estrangeiras, entre elas Columbia. Representou Portugal nas Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional e Unesco.
Recebeu várias condecorações. É advogado e sócio de um dos maiores escritórios de advogados portugueses, o Cuatrecasas – Gonçalves Pereira & Associados. É administrador não-executivo da Fundação Gulbenkian.

José Pacheco Pereira nasceu no Porto em 1949. Historiador, político, comentador político. Consta que os cerca de cem mil volumes da sua casa na Marmeleira constituem a maior biblioteca privada portuguesa. Viveu na clandestinidade nos anos anteriores à revolução, militou na esquerda. Escreveu uma biografia em vários volumes de Álvaro Cunhal quando já se posicionava à direita no espectro político. Foi deputado e líder parlamentar do PSD em diferentes legislaturas, foi deputado europeu. Ao longo dos anos, tem intervindo no espaço público de modo constante. Em artigos de jornal, no seu blog, na televisão, na rádio. Tem vários livros publicados.
Disse numa entrevista que a democracia é uma coisa frágil. “Fragilíssima!, está sempre em riscos de se perder. A única coisa que a salva é a vontade das pessoas de que ela não acabe. A vontade é uma força. Acho que se deve ter esperança, sabendo que ela está sempre no limite de falhar. O título de um dos meus livros, «Desesperada esperança», traduz isso.”
José Pacheco Pereira apoiou a intervenção dos EUA no Iraque.

Allan Katz , da Florida, foi nomeado Embaixador dos Estados Unidos em Portugal pelo Presidente Barack Obama, em Novembro de 2009.
Ao longo da sua carreira, participou activamente na política, quer a nível nacional quer local. Ajudou a redigir o programa para a Convenção Nacional do Partido Democrático, em 2008. Fez parte da Comissão Nacional de Finanças da campanha “Obama for America.” Na imprensa pode ler-se que se destacou na angariação de fundos para a campanha.
Entre 2003 e 2009 foi eleito Comissário da cidade de Tallahassee, Florida. Na mesma cidade, foi advogado na área dos seguros na Akerman Senterfitt e sócio-gerente da Katz, Kutter, Alderman & Bryant, P.A.
A política energética é uma das suas áreas de interesse. O Environmental Defense Fund e o Florida Wildlife Federation Fund atribuíram-lhe o prémio Champion for Climate Change.
É casado com Nancy Cohn, uma antiga voluntária do Peace Corps no Brasil (e que, por isso, fala português). Têm dois filhos. A primeira vez que estiveram em Portugal foi há vinte anos. Não podiam imaginar em que condições iriam regressar.

Foi presidente da República por dois mandatos. Jorge Sampaio nasceu em 1939. O seu percurso fez-se como advogado e político. Foi secretário-geral do Partido Socialista e presidente da Câmara de Lisboa. Relatou desta maneira a emoção da primeira eleição para a presidência: “Hotel Altis, oito horas, vem aquela sondagem à boca da urna e percebe-se que eu posso ter ganho; a primeira coisa que fiz foi ir junto à minha mãe, disse: “We did it!”. Foi o que saiu – inglês.”
Aprendeu a falar inglês com a mãe, que viveu em Inglaterra. Em criança, viveu com os pais nos EUA, onde o pai, médico, fez o mestrado. Nesse período, frequentou a escola americana.
Em 2006, foi nomeado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas Enviado Especial para a Luta contra a Tuberculose. No ano seguinte foi nomeado Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações.
É Doutor Honoris Causa pelas Universidades de Coimbra e Lisboa. Foi agraciado com o grande colar da Ordem da Liberdade por Cavaco Silva.

Comissariado do ciclo O que é a América Hoje? de Anabela Mota Ribeiro.
Estudou Filosofia na Universidade Nova de Lisboa. É jornalista freelance. Actualmente escreve para o Público, Jornal de Negócios e Máxima. Organiza e modera um debate mensal sobre livros na Bertrand do Chiado. Conduziu o colóquio “Nós, a Cultura e eu” na Fundação de Serralves em 2003. Foi autora e apresentadora de programas de televisão da RTP. Trabalhou em rádio e foi correspondente da Antena 1 em Londres durante um ano. O género a que mais se tem dedicado é a entrevista. Publicou um livro com 14 entrevistas, O Sonho de um Curioso.